8 de março: DN destaca centralidade da luta e convoca paralisações
Data: 2 de março de 2018
Além de convocar a categoria para a mobilização internacional prevista para o dia 8M, o SINASEFE reforça a importância da participação das mulheres no 1º Encontro Nacional de Mulheres do SINASEFE, que acontecerá entre 23 e 25 de março de 2018, em Brasília
Destacando diversas motivações para a mobilização no próximo dia 8 de março de 2018, a Direção Nacional do SINASEFE lançou nesta terça-feira (20/02) um chamado aos trabalhadores e trabalhadoras da categoria. Para o colegiado, as seções sindicais e sindicatos filiados devem fazer a discussão e votação de uma paralisação de 24 horas para o dia 8 de março (8M), como parte da greve internacional de mulheres, que já está sendo construída por diversas categorias e movimentos. “O combate às opressões é tarefa de todos, já que o machismo, o racismo e a LGBTfobia nos dividem enquanto classe, alimentando e aprofundando a exploração do trabalho” destaca a DN no texto.
Encontro de Mulheres
Além de convocar a categoria para a mobilização internacional prevista para o dia 8M, o SINASEFE reforça a importância da participação das mulheres no 1º Encontro Nacional de Mulheres do SINASEFE, que acontecerá entre 23 e 25 de março de 2018, em Brasília-DF. Confira mais informações no site exclusivo do evento: www.sinasefe.or/mulheres. No hotsite, além de saber mais sobre o evento, é possível se inscrever (até a dia 23/03) e enviar teses para debate no encontro (até o dia 10/03).
Íntegra
Leia abaixo o conteúdo integral da nota da DN, ou faça o download aqui.
Brasília-DF, 20 de fevereiro de 2018
8 DE MARÇO: é tarefa do SINASEFE a participação e a construção da Greve Internacional de Mulheres!
O 8 de março é um dia internacional de luta, dedicado às mulheres trabalhadoras. A exemplo das mulheres da indústria têxtil, que na mesma data do ano de 1917 cruzaram os braços por direitos e, aliadas aos homens da classe trabalhadora, protagonizaram a Revolução Russa, nós trabalhadoras devemos ser incansáveis na defesa de nossos direitos e na luta por uma sociedade livre do machismo, do racismo, da LGBTfobia e da exploração do trabalho.
Temos inúmeras razões para construir um 8 de março forte e significativo. No Brasil, o aborto clandestino continua sendo a 4º causa de morte de mulheres, atingindo em especial as mulheres negras e pobres, que não podem pagar milhares de reais pelo procedimento. O Brasil passou do 5º para o 3º lugar no ranking mundial em assassinatos de mulheres, sendo que entre as mulheres negras as taxas de violência aumentaram em mais de 50% no último período. As mulheres transexuais seguem tendo uma expectativa de vida de somente 37 anos devido à violência transfóbica e as lésbicas e bissexuais ainda temem o risco dos estupros corretivos, que visam “corrigir” sua orientação sexual.
A Educação Federal vem sofrendo ataques brutais da bancada conservadora do Congresso Nacional, que, pelo projeto de lei “Escola sem Partido”, tenta de qualquer forma criminalizar educadoras e educadores que se propõem a levantar a bandeira da educação crítica, gratuita e de qualidade. O projeto prevê, entre outras aberrações, a proibição da discussão de gênero em sala de aula, o que representa um retrocesso na luta das mulheres contra o machismo e a LGBTfobia.
O desmonte do Serviço Público Federal, que vem sendo proposto pelo Governo através de falsas e milionárias campanhas, também atinge em cheio as mulheres trabalhadoras. Com o argumento falacioso de que as servidoras e servidores são “privilegiados” e que, por terem acesso a direitos básicos como férias e décimo terceiro, outras categorias de trabalhadores são prejudicadas, tentam convencer a população da necessidade da implementação de um pacote de maldades.
Os poucos recursos investidos nos programas de combate à violência de gênero no Brasil sofreram uma redução drástica. Em 2017 o orçamento direcionado a essas políticas teve queda de 52% na comparação ao ano anterior, deixando claro o descaso e a secundarização das pautas de gênero no Brasil.
A Reforma Trabalhista e o Projeto de Terceirização, aprovados pela corja de bandidos do Congresso Nacional, já se fazem presentes no cotidiano da classe trabalhadora. Nós, profissionais da educação federal, podemos sentir os efeitos desses ataques. Frequentemente, portarias vêm sendo criadas e divulgadas pelos reitores dos Institutos Federais, aumentando nossa carga de trabalho, impondo medidas arbitrárias como o ponto eletrônico, numa tentativa de se adaptar cada vez mais rápido à lógica do capital, que busca sempre fazer “mais com menos”. Além disso, temos sido testemunhas dos atrasos de salários e das demissões sem aviso prévio das servidoras terceirizadas que trabalham em nossos Campi. Mulheres negras, idosas, sem perspectiva de um novo trabalho, se encontram de um dia para o outro sem emprego e sem salário.
A Reforma da Previdência anunciada pelo governo prevê o aumento do tempo de contribuição das mulheres de 30 para 49 anos para que possam se aposentar com o salário integral, que já é mais baixo que o dos homens trabalhadores, e ainda mais baixos no caso das mulheres negras, o que na prática significa não mais se aposentar, mas trabalhar até morrer. Aumenta também a idade mínima para a aposentadoria, que era 60 anos e passa a ser 62 anos, buscando igualar o tempo de trabalho entre homens e mulheres e desconsiderando, portanto, as múltiplas jornadas. Acaba com as aposentadorias especiais no caso das categorias de professor e trabalhador rural, que são formadas majoritariamente por mulheres. Autoriza que o valor recebido pelo trabalhador aposentado seja inferior ao valor do salário mínimo, o que prejudica em especial as mulheres negras e transexuais, que já recebem os menores salários, e impede o acúmulo de dois benefícios, medida que ataca mulheres que recebem, por exemplo, pensão por morte e aposentadoria e que dependem desses valores para sua sobrevivência.
É importante reiterar que essas medidas condenam as mulheres negras e pobres a uma situação ainda mais brutal. Essas mulheres, que já ocupam os postos informais e mais precarizados de trabalho, que ganham até 60% menos que os homens que realizam a mesma função e que acumulam múltiplas jornadas de trabalho, pois são em sua maioria as responsáveis pelos cuidados com a casa e com os filhos, serão ainda mais exploradas com o aumento das jornadas e com a total autonomia dos patrões, que podem negociar as regras trabalhistas de acordo com o que melhor garantir seu lucro.
Até agora, nenhum governo nos representou enquanto mulheres trabalhadoras. As mulheres negras e LBTs vivenciam com ainda mais força ao longo dos anos os efeitos do aprofundamento da crise, que têm como consequência o aumento da violência machista, racista e LGBTfóbica.
O 8 de março de 2017 unificou mulheres de todo o mundo em uma greve internacional contra a opressão machista e por direitos. No Brasil, esse grande dia de luta impulsionou a construção da maior greve geral do país, realizada no dia 28 de abril. Precisamos construir novamente um 8 de março forte em 2018, que mostre que não vamos aceitar os falsos discursos dos governos, que tentam nos fazer pagar por uma crise pela qual não somos responsáveis. Queremos um 8M classista e radical. É fundamental que as mulheres e os homens do SINASEFE, a partir de sua direção, se envolvam na construção desse dia de luta. O combate às opressões é tarefa de todos, já que o machismo, o racismo e a LGBTfobia nos dividem enquanto classe, alimentando e aprofundando a exploração do trabalho.
Por isso, as seções e sindicatos filiados devem realizar assembleias nos próximos dias que tenham como ponto de pauta a discussão e votação de uma paralisação de 24 horas para o dia 8 de março de 2018, como parte da greve internacional de mulheres, que já está sendo construída por diversas categorias e movimentos.
Nossos eixos para esse dia são:
- Participação da greve internacional de mulheres;
- Continuidade da construção da Greve Geral, seguindo a deliberação da CSP-Conlutas, pela anulação da Reforma Trabalhista e do Projeto de Terceirização e contra a Reforma da Previdência;
- Revogação da Emenda Constitucional n° 95;
- Nenhuma a Menos, nenhum direito a menos! É pela vida das mulheres, por emprego e creche! Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós!;
- Basta de machismo, de racismo e de LGBTfobia!;
- Em defesa da aposentadoria e da previdência pública – Aposentadoria fica!
Todas e todos às ruas no dia 8 de março de 2018!
Direção Nacional do SINASEFE
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Fonte: Sinasefe.