Governo lança 100 novos IFs e segue esquecido de valorizar servidoras/es
Data: 12 de março de 2024
Acompanhado do ministro da Educação, o presidente Lula lançou, nesta terça (12/03), o novo plano de expansão da Rede Federal de Educação, com a criação de 100 novos campi de Institutos Federais (IFs) pelo país, pretendendo gerar 140 mil novas vagas. Apesar de apresentar e propagandear amplamente essa nova expansão, o material do governo não menciona ampliação do quadro de servidoras/es, muito menos a valorização de quem já atua na Rede.
Expansão com quem?
Diante do novo plano de expansão, o SINASEFE ressalta que as unidades já existentes de IFs funcionam, em sua maioria, com graves contradições, limitações de infraestrutura física, problemas crônicos e numerosos paradoxos.
A principal contradição, nesse momento, está relacionada com a desvalorização das/os servidoras/es da Rede Federal. Docentes e técnico-administrativaas/os em educação (TAEs) acumulam perdas salariais de mais de 40% de inflação (de setembro de 2016 a dezembro de 2023, de acordo com o IPCA/IBGE).
Em cenário ainda mais preocupante, TAEs acumulam dois “pódios” desoladores: são a maior carreira do executivo federal e com a pior remuneração: no nível D, essas/esses trabalhadoras/es ganham menos de dois salários mínimos (R$ 2.446,96).
Expansão a serviço de quem?
O SINASEFE debateu amplamente a expansão da Rede em atividades recentes como o GT de Políticas Educacionais e Culturais e o 35º CONSINASEFE.
“Considerando a possibilidade de uma nova fase de expansão da RFEPC, deve-se considerar a situação das áreas de fronteira e as periferias das capitais, a fim de dar acesso a população que realmente necessita de uma formação de qualidade, pública, gratuita e socialmente referenciada” ressaltou o SINASEFE na publicação do Documento Base “Contribuições do SINASEFE na construção de Políticas Públicas para a Educação Profissional e Tecnológica Brasileira: 15 anos da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. “As áreas prioritárias de uma possível expansão estiveram no centro das discussões no GTPEC quando falamos do eixo sobre expansão”, lembra o secretário de políticas educacionais e culturais do SINASEFE, João Cichaczewski.
Além destes eventos, a seção Sinasefe Litoral destacou uma edição inteira do periódico Potenkin para aprofundar o assunto.
“No caso da educação profissional, o processo mais recente de políticas públicas está associado à busca por uma “educação cidadã”. Nas últimas décadas, a reconfiguração da exploração capitalista tem apostado, entre outras coisas, na formação de trabalhadores versáteis, capazes de atuar em diferentes setores dentro da produção e que dominem minimamente as novas tecnologias. Na perspectiva “cidadã”, o trabalhador não estaria inserido na produção como um mero objeto, uma peça mecânica, mas alguém que reflete sobre a produção e o mundo ao seu redor. Nesse processo, vende-se a falácia de que o trabalhador atua ativamente não apenas no processo de produção, mas também nas decisões da empresa, ao mesmo tempo em que associa sua cidadania (entendida de forma simplória como direitos políticos e sociais) de forma automática à sua vida de trabalho, imaginando-se como um “colaborador” da empresa e iludindo-se com as mentiras ditas pelos ideólogos do empreendedorismo”, destaca a apresentação da Revista.
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Valorização
Expandir a Rede Federal, assim como celebrar o aniversário de uma década e meia dos IFs é, de fato, importante. Mas valorizar as pessoas que estão no serviço público construindo cotidianamente essa política pública exitosa também é algo imprescindível e fundamental.
Greve
Em estado de greve desde sua 186ª PLENA, o SINASEFE debaterá o assunto no próximo final de semana (16 e 17 de março), em Brasília-DF, durante a 187ª PLENA.
*Com informações da Agência Brasil e Sindsifce.
Fonte: SINASEFE.