Trabalhadores se manifestam no 1º de Maio, em Vitória
Data: 3 de maio de 2023
Com o lema “Emprego, Direitos, Renda e Democracia”, centrais sindicais mobilizam trabalhadores em torno de 15 pautas prioritárias
A classe trabalhadora capixaba foi às ruas no dia internacional de luta da classe, nesta segunda-feira (1), em defesa de “Emprego, Direitos, Renda e Democracia”. O ato, convocado pelas centrais sindicais, sindicatos, movimentos sociais e organizações políticas, aconteceu na Praça José Luiz Gobbi, em Portal do Príncipe, Vitória, das 8 às 13 horas.
Diversos segmentos da população se mobilizaram em torno de 15 pautas prioritárias. Salário mínimo digno, trabalho para todas as pessoas e extensão dos direitos trabalhistas a categorias invisibilizadas, como os trabalhadores de aplicativo, foram algumas das reivindicações apresentadas.
Desafios para a conquista dos direitos sociais
Entre as pautas reivindicadas pelos manifestantes na ocasião, a diretora de Comunicação do Sinasefe Ifes, Flávia Cândida do Nascimento Souza, destacou a necessidade da revogação do Novo Ensino Médio e a responsabilização dos envolvidos nos atentados golpistas. “Vivemos desde o governo Temer uma série de ataques aos direitos da população e mesmo com a derrota do conservadorismo nas urnas sabemos de sua força. Por isso é preciso combater a barbárie e defender a democracia para avançarmos em nossas lutas”, constatou Flávia.
A professora Samanta Lopes Marcial, diretora suplente do Sinasefe Ifes, destacou que este Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora é especialmente representativo por ser o primeiro após a eleição de Lula, que marcou a vitória contra o avanço do fascismo e dos retrocessos quanto aos direitos da classe que vive do trabalho. “É um primeiro de maio que unificou diferentes centrais sindicais, o que há muito tempo não acontecia nessa data e isso se deve ao momento político que vivemos no último ano”, comentou.
A coordenadora-geral do Sinasefe Ifes Marilúcia dos Santos Mattos também citou os ataques à democracia vivenciados no governo passado. “Nesse contexto é extremamente importante a celebração do 1º de maio, porque nós derrotamos esse projeto perverso nas urnas, mas ainda temos o desafio de continuar na luta para recuperar os direitos perdidos e avançar nas conquistas para os trabalhadores e, sobretudo, para garantir uma sociedade democrática, principalmente com um governo eleito com quem a gente pode dialogar. E a nossa meta é seguir mobilizados com a base, ocupar os espaços e contribuir na reconstrução desse país”, apontou.
Para o coordenador-geral do Sinasefe Ifes, Reginaldo Flexa Nunes, o 1º de maio tem a função de lembrar que as conquistas dos trabalhadores são resultados não da dedicação, meritocracia ou fidelidade à empresa, mas resultados da capacidade de organização e de mobilização, para buscar melhores condições de trabalho e valorização salarial.
“O trabalho digno no capitalismo não é possível, pois a exploração do trabalhador é o princípio fundante do sistema capitalista. A superação do capitalismo apresenta-se como sustentáculo para a preservação do meio ambiente e da própria sobrevivência humana no planeta Terra”, defendeu Reginaldo. Em sua análise, a consciência do trabalhador nasce, portanto, da crise do sistema capitalista e sua expressão concreta nas formas de desemprego estrutural, financeirização da economia e precarização das proteções sociais.
Conheça as 15 pautas prioritárias reivindicadas na manifestação deste 1° de maio:
Valorização do salário mínimo
A Política de Valorização do Salário Mínimo tem impacto positivo direto no bolso do trabalhador, na economia do país, melhorando também o poder de compra dos aposentados e pensionistas da previdência social. Quando a população ganha mais, consome mais e a indústria e o campo produzem mais, gerando mais empregos.
Fim dos juros extorsivos
Juros altos só trazem dívida ao trabalhador e beneficiam os bancos. Com os juros mais baixos o endividamento das famílias diminui e com menos dívidas o brasileiro consome mais e melhor. Por sua vez, mais consumo gera mais produção e mais empregos.
Fortalecimento da Negociação Coletiva
Direito fundamental no trabalho, a negociação coletiva cria regras da relação entre trabalhadores e patrões. Sindicatos fortes resultam em acordos coletivos fortes.
Mais empregos e renda
Somente com emprego de qualidade, a renda do trabalhador melhora e o país cresce. Mais de 12 milhões de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros não têm carteira assinada, 40 milhões estão na informalidade.
Direitos para todos
A luta das Centrais é por toda a classe trabalhadora, sindicalizada ou não. Trabalho decente e empregos de qualidade para todos os brasileiros e brasileiras garantem uma sociedade mais igual e mais justa, democrática e soberana.
Convenção 156 OIT
Pela igualdade de oportunidades e tratamento para mulheres e homens trabalhadores que se desdobram entre trabalho e família. As mulheres sofrem mais com o desemprego que os homens porque acumulam mais jornadas, engravidam, cuidam dos filhos e são demitidas por isso. Por isso, essa situação precisa mudar.
Trabalho igual, salário igual
Mulheres ganham até 30% menos do que os homens na mesma função. Essa disparidade acontece mesmo quando trabalhadoras e trabalhadores têm a mesma escolaridade, mesma idade e mesmo cargo.
Aposentadoria digna
As Centrais Sindicais propõem uma série de medidas para melhorar a qualidade do atendimento a aposentados e pensionistas da Previdência Social.
Valorização da servidora e do servidor público
A servidora e o servidor público estão na linha de frente de serviços indispensáveis ao povo brasileiro, respeitar esses trabalhadores e garantir condições dignas também é um ato de valorização dos serviços públicos que atendem a população.
Regulamentação do trabalho por aplicativos
Trabalhadores e trabalhadoras por aplicativos não têm nenhum direito trabalhista nem previdenciário. A luta das Centrais Sindicais conquistou espaço de diálogo e negociação entre trabalhadoras/es, empresas e governo, para regular as relações de trabalho nas empresas que oferecem serviços de entrega e condução por aplicativos.
Em defesa das empresas públicas
Governos passados venderam empresas públicas e o povo pagou a conta. Toda vez que o Brasil cresceu foi impulsionado pelas empresas públicas e estatais. Por isso, as Centrais Sindicais são contra as privatizações, que o governo passado fez, vendendo o patrimônio público a troco de banana.
Revogação dos marcos regressivos da legislação trabalhista
A reforma trabalhista de 2017 levou ao aumento da precarização, do bico, do desemprego. Foi boa para os empregadores, mas causou um retrocesso, com mais informalidade, desemprego, precarização e terceirização do trabalhador e da trabalhadora e, portanto, menos direitos.
Fortalecimento da democracia
Derrotamos quem ameaçava nossa democracia, agora é fortalecer essa luta. Começamos a mudar essa história com a vitória de 2022, mas precisamos de mobilização e pressão popular para avançar nas pautas de interesse dos trabalhadores e trabalhadoras e defender a democracia.
Revogação do “Novo” Ensino Médio
Porque desqualifica e prejudica os alunos, esvazia e rebaixa a qualidade de ensino. A unidade entre estudantes, professores, pais e mães e trabalhadores e trabalhadoras dos vários segmentos da sociedade é essencial para derrotar essa proposta, que cria uma escola sem conteúdo e com prejuízos aos alunos.
Desenvolvimento sustentável com geração de empregos de qualidade
Crescer e gerar empregos, respeitando o Planeta. Em defesa do desenvolvimento produtivo do país com o fortalecimento da indústria nacional e da agricultura de forma sustentável.