Aposentadas/os perdem poder de compra e seguem na luta por direitos
Data: 24 de janeiro de 2022
Neste 24 de janeiro, as/os servidoras/es não têm o que comemorar
24 de janeiro é dia de celebrar as trabalhadoras e trabalhadores que contribuíram ao longo de suas carreiras para a sociedade brasileira e para o serviço público: é o Dia Nacional da/o Aposentada/o. Apesar da importância da data e da celebração, no Brasil não há o que comemorar, já que essa população precisa seguir na luta por direitos.
Como as/os trabalhadoras/es da ativa, as/os aposentadas/os também sofrem com as perdas salariais e com a inflação que não para de subir, e a corrosão do poder de compra virou rotina. Com esse cenário, mais a política de destruição do serviço público do governo Bolsonaro, juntar-se à luta se faz cada vez mais importante.
“Infelizmente, não temos nada que comemorar em se tratando da data. O dia é de conscientização sobre a importância de estarmos na luta, já que estamos na iminência de perdemos muitos direitos conquistados e, no ano passado, tivemos muitos companheiros aposentados lutando contra a votação da PEC 32”, destaca a coordenadora de pessoal do segmento de aposentadas e aposentados do Sinasefe Ifes, Maria de Maria de Lourdes Simonelli Daniel.
A luta contra a Reforma Administrativa (PEC 32/2020) é importante também para as/os aposentadas/os porque, caso seja aprovada, elas/es ficarão à própria sorte para conseguir reajuste salarial, já que a proposta põe fim à paridade entre aposentadas/os e trabalhadoras/es da ativa.
Além disso, poderá haver o colapso no Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), já que a PEC 32 prevê que as/os novas/os servidoras/es contribuirão com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e não ao RPPS. Com a falta de contribuição, será o fim do RPPS.
“É importante que cada vez mais os aposentados e aposentadas se filiem ao sindicato, porque, com o andar da carruagem, estamos perdendo o nosso poder de compra, porque não acompanha os aumentos e a inflação também está muito alta. Se os aposentados não se mobilizarem, infelizmente, daqui a pouco vão ter que trabalhar para complementar a renda”, destaca Lourdes.
As/os servidoras/es da ativa, aposentadas/os e pensionistas estão há cinco anos sem reajuste salarial, e, na carreira do PCCTAE, por exemplo, as perdas chegam a 52,5%, conforme cálculo do SINASEFE. Em 2021, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, fechou o ano a 10,06%, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior nível desde 2015 (10,67%).
O amargo no Chile
No Chile, as/os aposentadas/os sofrem com a Constituição escrita durante a ditadura Pinochet. Isso porque ela foi planejada para o país implementar ideias neoliberais, como a privatização da previdência. Diferente do Brasil, em que há um fundo público de previdência social, lá, cada trabalhadora e trabalhador faz a sua própria poupança, em contas individuais, que ficam sendo administradas por entidades privadas.
Essas Administradoras de Fundos de Pensão (AFPs) gerenciam o dinheiro e investem no mercado financeiro. No sistema, que é de capitalização, as trabalhadoras e trabalhadores contribuem com 10% do salário, e anualmente é feito um recálculo das aposentadorias, aumentando a expectativa de vida, e em consequência, há uma diminuição no valor que a/o aposentada/o recebe por mês. Nos últimos anos, o país tem sido tomado por ondas de protestos.
No Brasil, esse sistema de capitalização chegou a ser proposto pelo Governo Bolsonaro na Reforma da Previdência (promulgada em 2019), mas foi rejeitado pelo Congresso já no início das análises. O ministro da Economia, Paulo Guedes, lecionava em uma universidade do Chile no período da ditadura.
“No Chile, as/os aposentadas/os vivem um horror. Quem sustenta os pais são os filhos, se tem filhos, se não, vendem doces nos sinais de trânsito ou coletam recicláveis para sobrevivência”, pontua Lourdes.
Filie-se ao Sinasefe Ifes e some forças à luta da categoria!