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Chega a 81% o índice de alunos com dificuldade para aprender no Ensino Remoto do IFES; em alguns cursos, até 60% não conseguem acompanhar atividades

Chega a 81% o índice de alunos com dificuldade para aprender no Ensino Remoto do IFES; em alguns cursos, até 60% não conseguem acompanhar atividades

Data: 29 de setembro de 2020

 

Servidoras e servidores do IFES lançaram o movimento #QuemImprovisaNãoEduca para chamar a atenção para os problemas do Ensino Remoto na Instituição e para apresentar propostas de novos caminhos para a Educação

O índice de alunos que relatam dificuldades para aprender por meio do Ensino Remoto no Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) chega a 81%, dependendo do campus. É o caso de Viana, onde o número é resultado da soma dos estudantes que apontam a aprendizagem por meio das aulas à distância como insatisfatória ou pouco satisfatória. No campus Vitória, na Capital, 40,6% responderam “pouco satisfatória” e 12,1% “insatisfatória”, somando 52,7% de resultado negativo.

No interior do Estado o problema se repete. No campus Nova Venécia, 57,8% apontam a aprendizagem como pouco satisfatória e 21,7% como insatisfatória. Os dados foram fornecidos pelas equipes de ensino dos campi, a partir de levantamentos feitos pelo próprio IFES, e direcionados ao Sindicato dos Servidores Federais da Educação do IFES (Sinasefe Seção IFES).

Além dos dados do próprio Instituto, outros números chegam por meio de levantamento da categoria. De acordo com o pedagogo do Campus Vitória, Marcus Podestá, que é mestre em Educação e representante dos Técnico Administrativos no Conselho Superior do IFES, os profissionais têm apontado que em alguns cursos técnicos o índice de alunos que não conseguem acompanhar as atividades remotas chega a 60%, número constatado por meio do controle dos próprios professores. Eles afirmam, ainda, que alunos trabalhadores e de baixa renda, 25% do total, são os mais prejudicados.

“Como o problema é negligenciado pelo IFES, não há orientações formais que atendam a todas as demandas do período, principalmente aos estudantes que não estão participando ou participam de forma parcial desse momento. Equipes pedagógicas e professores, junto com outros servidores, têm elaborado cartilhas de orientação por iniciativa própria para suprir a lacuna deixada pelo Instituto”, explicou.

O IFES já tem os dados de todos os 22 campi há várias semanas, mas não havia divulgado os resultados globais do Instituto até esta segunda-feira, 28, quando finalmente liberou os números. Os relatórios foram disponibilizados após o Sinasefe Seção IFES solicitar os dados por meio de ofícios e protocolar na Reitoria e Ouvidoria pedido com base na Lei de Acesso à Informação solicitando que os dados fossem divulgados.

A demora preocupa porque os dados são importantes para a promoção de mudanças capazes de melhorar o acesso ao ensino e à aprendizagem. O Sinasefe Seção Ifes também está realizando um levantamento próprio sobre a situação por meio de enquete digital. Clique aqui e participe.

Trancamentos compulsórios

Os trancamentos de matrículas seguem aumentando nos cursos técnicos do IFES depois que as chamadas Atividades Pedagógicas Não Presenciais (APNPs), o ensino remoto, foram implementadas. As equipes de ensino apontam que no campus Vitória eles já atingiram o dobro do período anterior.

Há risco, ainda, de que ocorra um grande número de trancamentos de matrículas compulsoriamente, uma vez que alunos que não conseguem entregar todas as atividades do Ensino Remoto não serão reprovados, mas terão suas matrículas trancadas involuntariamente conforme regulamentação das APNPs no IFES.

Além disso, o Sindicato destaca que há uma tentativa de responsabilizar os professores e os estudantes pelas limitações do Ensino Remoto no Instituto, sem que haja uma análise crítica sobre o atropelo de sua implementação, a falta de planejamento e da devida qualificação para que docentes e alunos pudessem construir um bom ambiente de aprendizagem.

Soma-se a isso a dificuldade de acesso à internet e equipamentos por parte de muitos estudantes e até mesmo de professores cujos aparelhos não são os adequados para a modalidade de ensino. O mesmo problema tem sido enfrentado por técnicos-administrativos que fazem atendimentos regulares aos alunos integrando as equipes multidisciplinares, como psicólogos, assistentes sociais, entre outros. O auxílio emergencial que o Instituto ofereceu para inclusão digital aos estudantes, no valor de R$ 100,00, só pode ser usado para acesso à internet. Isso tem excluído quem já tem pacote de dados, por exemplo, mas precisa adquirir equipamentos adequados.

Propostas

Entre as propostas do movimento #QuemImprovisaNãoEduca está a abertura de diálogo com fóruns, coletivos, grupos, núcleos, e entidades representativas ligadas às instituições de ensino. Eles podem funcionar consultivamente apontando outros caminhos para a educação neste momento de pandemia. É preciso considerar a multiplicidade de realidades de alunos e professores e os impactos disso no processo de aprendizagem para a construção de uma educação que possa ser acessada por todos.

Outra proposta é a promoção de amparo pedagógico planejado com a compreensão de que a rotina dos alunos e professores foi alterada com a pandemia e de que não é possível transpor de forma acrítica o modelo presencial para o não-presencial. Acesso à internet e equipamentos não garante acesso ao ensino remoto. É preciso ambiente doméstico adequado, tranquilo, além de boas condições emocionais e de saúde, incluindo segurança alimentar.

Conteúdo produzido pela Assessoria de Comunicação do Sinasefe Seção Ifes e do Movimento #QuemImprovisaNãoEduca em conjunto com as/os servidoras/es Marcus Podestá (técnico administrativo – campus Vitória), Thalismar Matias Gonçalves (docente – campus Viana) e Cristina Mota Damasceno (técnica administrativa – Reitoria).

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