Fala, Base | Pandemia e Educação: mentiras, verdades e superação
Data: 9 de setembro de 2020
Em novo material do Fala, Base, professor do Ifes campus de Vitória faz uma análise das mentiras e verdades do ensino remoto em meio à pandemia

Professor do Ifes de Vitória Reginaldo Flexa Nunes
1. O ensino remoto, ensino híbrido, atividades pedagógicas nao presenciais (APNPs) ou EaD são um dado aleatório ou circunstancial da realidade. MENTIRA. Desde antes da pandemia o trabalho virtual está presente na vida do trabalhador. E tem produzido precariedade nas condições de trabalho (uberização).
2. A escola sem aula não cumpri sua função social. MENTIRA. A escola realiza ensino, pesquisa e extensão.
3. Os servidores estão sem trabalhar. MENTIRA. São inúmeros processos transitando nos setores da escola. Diz respeito a questões de carreira, projetos, licitações, etc. (Quantificar isso daria na conta de milhares de processos). Isso envolve professores, tecnico-administrativo, estudantes e empresários.
4. Os estudantes estão sem estudar. MENTIRA. A participação no debate realizados nos conselhos e na busca de organização estudantil representam formação cívica em processos decisórios.
5. Os professores sao obrigados a aderir ao ensino remoto. MENTIRA. O contrato do professor é para o ensino presencial. Além disso, a EaD desregulamenta o tempo e espaço residencial. O tempo do brincar com as crianças , do está junto do cônjuge, do cuidar da casa se modificou. O espaço proibido na residência foi instituído para atender a demanda de trabalho.
6. Todos tem equipamentos, espaço e conhecimentos para a EAD. MENTIRA. A moradia é inadequada para os estudos. Muitos não tem equipamentos e acesso a internet. Isso é um dado da realidade mostrado pelo IBGE.
7. O ensino remoto é o futuro da educação. MENTIRA. Pesquisas indicam a degradação do ensino e ampliação da desigualdade social. Educação também é afeto, contato, presença.
Daí a necessidade de RESISTÊNCIA.
1. Participar das atividades sindicais.
2. Questionar soluções simplistas oferecidas pela gestão da escola (por exemplo: ensino híbrido, oferta de dinheiro para adesão a EaD).
3. Rejeitar o “tratoramento” realizado nos órgãos de deliberação. As propostas para votação não podem ser apresentadas na véspera de reunião. Há que se permitir o amplo debate, e para que isso ocorra é necessario tempo e espaço para o debate. Além disso, é preciso respeitar as organizações dos servidores participantes de inúmeras organizaçoes sociais (grupos de pesquisas, sindicatos, movimentos sociais, partidos, etc.).
4. Planejar ações que evite a alienação dos estudantes e trabalhadores da educação.
Solução mágica não existe.
Super herói não existe.
Solução sem debate com a sociedade interna e externa à escola não pode ser aceita.
Somente a união dos oprimidos pela pandemia e pelo ensino remoto reverterá a opção pela morte e pela exclusão.
Referência
Live da adufes: “ensino remoto: precarização da universidade”. Canal do You Tube.
Dossiê n.30. Instituto Tricontinental de Pesquisa Social. Julho 2020. “América Latina sob o coronachoque”.
Live do Estúdio Fluxo: “A pandemia em movimento – com João Pedro Stédile”. Canal do You Tube.
Live “Roda de conversa – Projeto de Extensão EJA-FIC” – Ifes campus Vitória – de 25 a28 de agosto de 2020. Canal do You Tube.
*Este texto faz parte do projeto “Fala, Base!” e não reflete, necessariamente, a opinião do Sinasefe Ifes. O material é de inteira responsabilidade do autor.
