Servidores do IFC perseguidos politicamente recebem apoio de senador e de entidades
Data: 23 de agosto de 2017
Na última quarta-feira (16/08) os dois trabalhadores tiveram seus smartphones e notebooks apreendidos, seus sigilos de informação quebrados e foram afastados das suas atividades no campus Aberlado Luz do IFC
A perseguição política da Justiça e da Polícia Federal (PF) contra os servidores do Instituto Federal Catarinense (IFC) Ricardo Scopel Velho e Maicon Fontaine ganhou visibilidade nacional e já começa a ser combatida em várias frentes.
Na última quarta-feira (16/08) os dois trabalhadores tiveram seus smartphones e notebooks apreendidos, seus sigilos de informação quebrados e foram afastados das suas atividades no campus Aberlado Luz do IFC. O motivo: uma suposição de ingerência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no campus e na gestão.
No vídeo acima, gravado ontem (17/08), o senador Paulo Paim (PT-RS) e a coordenadora geral do SINASEFE Cátia Farago se solidarizam com os trabalhadores vítimas dessa perseguição. Uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado será convocada em breve e dará tratamento a esse e outros casos de perseguição em nossa Rede Federal.
Sinasefe Videira-SC, Luzerna-SC e Fraiburgo-SC lançou a seguinte nota sobre o caso:
Sobre o despacho/decisão de tutela cautelar do Ministério Público Federal (MPF) contra Ricardo Velho e Maicon Fontanive que os afastou das funções públicas, assim como apreendeu seus computadores e telefones celulares e quebrou o sigilo destes e da reitora Sonia Regina, cabe destacar o seguinte:
- Levando em conta sua missão e dentro das normativas legais, o Campus Avançado de Abelardo Luz, campus onde diversos trabalhadores vêm buscando uma intervenção articulada com os movimentos sociais do campo, para desenvolver a sua característica de vínculo também com esse espaço. Como ocorre em qualquer outro campus dos Institutos Federais, buscou-se, através da realização de convênios, uma aproximação política e educacional com a realidade local.
- O campus Abelardo Luz fica situado em área de concentração de assentamentos da reforma agrária, do Incra, de propriedade da União. Todos os assentados atendem aos requisitos do Estatuto da Terra.
- O campus não é exclusivo para os moradores dos assentamentos, afinal ele é público. No entanto, a sede do campus está localizada a aproximadamente 30 km de distância do centro de Abelardo Luz e é fruto da luta dos MST e de outros movimentos campesinos da região. E há, desde sua criação, uma luta para que o campus saia desse local, bem como para que seu caráter formativo seja alterado para servir de formação de força de trabalho para os grandes frigoríficos e setor do agronegócio da região. Ou seja, há uma luta política na localização e existência do campus. Essa luta tem sido organizada de diversas formas. A atual decisão judicial é um forte ataque dos setores do agronegócio, por via judicial e utilizando força policial em seu favor, frente a resistência e a luta dos e movimentos sociais da região.
- As denúncias que são elencadas no despacho não se sustentam, são claros ataques e perseguições políticas, não somente aos dois companheiros, mas a todos os trabalhadores comprometidos com a educação e que tem atuado no campus. Vejamos mais de perto:
- Acusam que o campus é controlado pelo MST: como afirmado anteriormente, isso é impossível. Pois estamos falando de uma instituição pública.
- Decisões tomadas pelo MST: como toda instituição pública, as decisões são tomadas para atender as necessidades locais. No caso, o campus vem com a perspectiva direcionada ao arranjo produtivo local de agricultura familiar, por meio de uma educação do campo. As decisões são tomadas tão somente considerando isso.
- Imposição ideológica: esse é o nome que movimentos conservadores encontraram para perseguir tudo o que se opunha à sua lógica. Dentro dos limites legais, os trabalhadores, comunidade e estudantes têm autonomia e liberdade para se manifestarem.
- Criação de um curso de pedagogia para inserir membros do MST: uma mentira absurda. Todos os trabalhadores do IFC passam por um processo seletivo de concurso público, regido pelas leis nacionais. Como em todos os campi, cabe destacar que esse concurso é organizado pela Reitoria do IFC em consonância com as leis federais.
- Dano irreparável: Por fim, o despacho encerra afirmando que o deferimento se justifica para prevenir danos irreparáveis. Mas quais seriam esses danos? Há pessoas em risco? Dano à educação? Ao patrimônio público? Não há absolutamente nenhuma constatação de quais seriam esses danos.
Como pano de fundo dessa terrível situação, tem-se uma perseguição política escancarada que se soma ao conjunto de perseguições que vários companheiros e companheiras tem passado no Brasil e no mundo. A ação da PF e do MPF foram abusivas e desnecessárias.
É mais um absurdo e clara perseguição política, o campus Abelardo Luz é uma conquista do MST e de outros movimentos campesinos da região.
É mais uma ação do Movimento Escola Sem Partido, que não teve aprovação, mas está cada dia mais forte nas escolas públicas como um todo, e também nos Institutos Federais.
O objetivo dessas decisões judiciais é perseguir, demitir e criminalizar os servidores! Não podemos aceitar essas práticas! Somente a organização e luta dos trabalhadores podem conter os avanços desses ataques que são realizados diariamente em vários locais de trabalho por todo o país!
Todo apoio aos camaradas! Todo apoio aos que lutam!
Veja também
- Nota de Apoio do Andes-SN aos trabalhadores perseguidos
- Nota de Apoio do MST aos trabalhadores perseguidos
- Conheça a história do campus Abelardo Luz do IFC
- Fanpage em defesa do campus Abelardo Luz do IFC
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Fonte: Sinasefe.