PLP 257/16: projeto de lei que quer tirar seus direitos foi aprovado na Câmara e agora tramita no Senado
Data: 22 de julho de 2016
Atualizada em 7 de outubro às 17h55
Texto prevê que entes públicos deverão congelar salários, instituir o regime de previdência complementar privada e aumentar a contribuição previdenciária para 14%
O Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 257/2016 foi aprovado na Câmara dos Deputados em Brasília no dia 12 de julho após pedido do governo federal acatado pela maioria dos parlamentares. Batizado de pacote anti-serviço público, o texto prevê congelamento salarial, suspensão da admissão ou contratação de pessoal, redução do quadro de pessoal do funcionalismo público por meio de programas de demissões voluntárias, entre outras medidas. A previsão é de que em agosto a matéria seja apreciada. A matéria agora está no Senado e tornou-se o PLC 54/2016.
Criticado até por membros da base aliada de Michel Temer, o PLC autoriza o refinanciamento da dívida dos estados e do Distrito Federal e altera a Lei de Responsabilidade Fiscal com o objetivo de alongar o prazo da dívida dos Estados com a União (Lei 9.496/97) em 20 anos. Servidores públicos de todas as esferas (municipal, estadual e federal) serão atingidos.
Para terem direito ao benefício os entes públicos deverão congelar salários e não poderão nomear novos servidores, exceto para repor cargos vagos por aposentadoria ou falecimento de servidores nas áreas de educação, saúde e segurança. Além disso, deverão instituir o regime de previdência complementar que aplica no mercado financeiro o valor da contribuição sem garantias. Também deverão aumentar para 14% o índice de contribuição previdenciária, o que resulta em redução salarial e menor poder de compra para os servidores.
As direções Nacional e da Seção Ifes reforçam sua posição de contrariedade ao PLC 54/2016 já expressa também no âmbito da CSP-Conlutas e do Fórum Nacional das Entidades de Servidores Federais (Fonasef), reafirmando a importância de fortalecer a Campanha Unificada dos Servidores Públicos Federais.
Medidas anti-servidores
As medidas que atingem diretamente, e também indiretamente, os servidores federais, estaduais e municipais são inúmeras e permeiam o texto do início ao fim. Além do congelamento de salários, a não concessão de vantagens aparece logo no início, no artigo 3º. A destruição da previdência social e dos Regimes Jurídicos Únicos dos servidores públicos estaduais vem logo em seguida, no artigo 4º. A divisão dos mecanismos automáticos de ajuste de despesa em três estágios aparece a partir do item 38, disponível na página 30 do documento.
Terceirização
A proposta de alteração da Lei de Responsabilidade Fiscal inclui a terceirização de trabalhadores para atividade fim, amarrando e fixando por 4 anos qualquer tipo de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração no Plano Plurianual de despesas com pessoal.
O PLC também proíbe aumento, reposição salarial ou redução da carga horária sem a proporcional redução de remuneração nos últimos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo poder ou órgão.
Redução de despesas com servidores públicos
Para conter o crescimento de gastos, governadores e prefeitos não poderão criar cargos e funções, alterar a estrutura de carreiras e contratação de pessoal, reduzindo a realização de concursos públicos. Caso haja aumento da remuneração dos servidores públicos, não poderá ser acima da inflação.
Inclui aumento de salário mínimo pela inflação, cortes de benefícios a servidores em até 30% (parcelas indenizatórias e vantagens de natureza transitória como transferências, diárias e etc.), redução de despesas com servidores por meio de Programas de Demissão Voluntária (PDV) e licença incentivada para servidores e empregados.
Salário
Em entrevista ao site do Sinasefe Seção Ifes em junho, durante um encontro preparatório para o II Encontro Nacional de Educação (ENE) no qual foi palestrante, a diretora da Seção Ifsc Elenira Oliveira Vilela alertou que a nova configuração política, após a entrada de Temer como presidente, tornou o ambiente muito favorável à aprovação de medidas como essa na Câmara Federal.
Ela explicou, ainda, que é preciso mobilizar os trabalhadores. “Temos que nos organizar nas ruas com todo mundo que der e deixar para discutirmos as divergências políticas depois. Em breve poderemos ter redução de nosso salário nominal. Precisamos impedir o retrocesso para depois definirmos qual a melhor maneira de avançarmos”, disse.
Com informações do Sinasefe Nacional, Fasubra e Agência Brasil