Reforma da previdência, igualdade de gênero e saúde do trabalhador em debate no segundo dia de encontro
Data: 4 de maio de 2013
O segundo dia do Encontro Regional Sudeste Sinasefe Ifes, que acontece de 2 a 4 de maio, no campus Serra, foi marcado pelo debate da criação da polêmica Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp), pela defesa da mulher e pelos desafios e possibilidades de mobilização de trabalhadores sob o tema da saúde.
Os assuntos foram abordados nas palestras “A reforma da previdência e o Funpresp em debate”, “Opressões: a mulher no trabalho” e “Saúde: expansão e saúde do trabalhador”.
Mudanças na previdência
Desde fevereiro deste ano, a Frunpresp já é uma realidade para os servidores públicos. Estabelecida pela lei nº 12.618/12, a fundação definiu o regime de previdência complementar para os servidores públicos federais e fixou o limite máximo que o servidor receberá como aposentadorias e como pensões pelo regime de previdência.
As alterações atacam drasticamente o cenário de aposentadorias no Brasil, beneficiando o grande capital em detrimento dos servidores públicos. “Estamos diante de mudanças extremamente desumanas na previdência, com graves perdas para os que mais precisam”, alerta a assessora do Sindsaudeprev-ES, Lujan Miranda.
Um exemplo do impacto da nova lei na previdência pública é o valor máximo que os aposentados poderão receber. Os servidores que assumiram depois da entrada em vigor da lei – 5 de fevereiro deste ano – terão suas aposentadorias limitadas ao teto estabelecido pelo INSS, que é de R$ 4.159. Para receber acima do teto, o servidor aposentado deverá aderir à Previdência Complementar e descontar uma parte maior de seu salário. Já os servidores mais antigos poderão aderir à Previdência Complementar até 5 de fevereiro de 2015.
Outros detalhes apresentados durante a palestra podem ser conferidos aqui:
Reforma da Previdencia e Funpresp – Apresentacao (1)
As aposentadorias atuais e futuras estao ameacadas
Funpresp
A mulher na luta trabalhista contra o capital
A questão de gênero foi abordada no segundo dia do encontro pela professora do campus Venda Nova, Gabriela Freire – que desenvolve uma pesquisa de mestrado com o objetivo de entender a imagem de mulher criada hoje no campus Vitória -, e pela representante do Coletivo de Mulheres e dirigente do Sindibancários/ES, Lucimar Silva.
A desigualdade entre homens e mulheres foi colocada como uma questão histórica construída pela sociedade dentro das famílias, na mídia, nas escolas. Por meio de sua pesquisa, Freire tenta identificar como mulheres e homens são vistos e classificados dentro de cursos técnicos e através de conversas com alunos, professores e servidores vem juntando peças para definir qual é o modelo de mulher que está sendo difundido. “Ainda não temos conclusão, estamos pesquisando, mas já identificamos que as pessoas relacionam o feminino a questões emocionais e o masculino a temas mais racionais”, afirma.
Silva citou momentos da história da humanidade onde as mulheres eram valorizadas e respeitadas para reafirmar a necessidade do respeito devido elas da afirmação da igualdade de gênero. “A história coloca as mulheres como companheiras, produtoras, responsáveis. Quando isso mudou?”, questiona.
Saúde do trabalhador
“Determinados modos de organização de uma sociedade produzem determinados modos de adoecimento”. Com esta afirmação, o professor de Psicologia e diretor da Associação dos Docentes da Ufes, Thiago Drumond Moraes, evidenciou a estreita relação existente entre saúde e trabalho.
Para Moraes, a saúde nunca fica incólume ao trabalho. “Ou você fica melhor com ele ou fica pior. A saúde é efeito também do trabalho e de qualquer trabalho”, esclarece.
Acompanhando as mudanças sociais e econômicas, o professor apontou que no mundo contemporâneo as pessoas sofrem de males do corpo físico e da “alma” e que o adoecimento é visto como resultado de ação individual do trabalhador. “O mais perverso que temos no ambiente de trabalho é individualizar o adoecimento. O adoecimento é um problema do coletivo, fruto de uma relação complexa”, avalia o professor, apontando que é preciso ação coletiva no sentido de se fazer o debate sobre a melhoria da qualidade de vida e das condições de trabalho nos institutos e nas universidades.